Este estudo diagnóstico, produzido no âmbito da realização de um trabalho de grupo, para a Unidade de Área Profissionalizante, dos formandos do Curso E.F.A. Secundário de Animação Sociocultural, foi elaborado para tornar visível à comunidade mais jovem, a perda gradual as tradições, costumes, valores, cultura e consequente identidade de um povo. No nosso estudo centramo-nos essencialmente na comunidade infanto-juvenil eborense.
Como tal, A Identidade Alentejana foi o tema por nós proposto na medida em que, com o passar dos anos, uma aculturação intensa tem feito parte da realidade da região, erradicando, de um modo não tão gradual quanto se pensa, um leque de hábitos e costumes que tão bem enalteciam uma das identidades regionais mais ricas de todo o Portugal.
É também, pois, indissociável o fenómeno da globalização. A globalização traduz a crescente interligação e interdependência entre os países em resultado da liberalização dos fluxos internacionais de comércio, de capitais, de tecnologias e de informação e do aumento da mobilidade das pessoas que se têm vindo a verificar depois da 2ª guerra mundial. Contudo, apesar da mesma (globalização) se apresentar, actualmente, como que a tecedora de um mundo mais prático e autónomo, esta trás, evidentemente, consequências pertinentes muitas vezes menosprezadas.
A região do Alentejo é, deste modo, uma região consumida por uma massificação que todos os dias é despejada de diversas formas, nomeadamente pelos meios de comunicação, influenciando drasticamente uma identidade que se quer genuína e hereditária. A tecnologia, por outro lado, pode arrumar-se convenientemente na prateleira das muitas razões que, juntamente com variadíssimas outras, contribuem para a alheação das crianças e jovens no que se refere a práticas que lhes poderiam fornecer um nível de afectividade e sociabilidade maior - é bastante mais fácil encontrar uma criança ou um jovem subjugado por uma playstation, do que encontrar essa mesma criança ou jovem a despender energia num sociável jogo da malha.
A Internet, por seu lado, despoletou uma natural e eufórica massificação, devido à sua extrema utilidade. No entanto, e sem querermos retirar a sua importância no nosso quotidiano, as consequências que advêm do seu uso excessivo, especialmente nas crianças, são nefastas em todos os sentidos – ausência de sociabilidade, afectividade, cooperação, movimento físico, etc. Neste âmbito, os jogos tradicionais alentejanos poderão resultar como um tónico promotor de uma maior consciência social, cultural, educativa e lúdica.
A escolha deste tema não existiu, de modo algum, para se proceder a uma identificação exaustiva de responsabilidades directas, mas surgiu antes, pois, como factor de consolidação e conservação de um espólio identitário abundante em traços e costumes de gente simples, das gentes alentejanas.
A selecção dos sujeitos de acção – crianças e jovens dos 10 aos 18 anos – baseou-se, antes de mais, numa antecipação à problemática. Ou seja, será mais inteligível pactuar com a problemática, motivando este destinatário a subsistir numa realidade cultural propensa a uma continuidade identitária genuína. Uma vez que são as crianças e jovens os principais influenciados por novas vagas de estrangeirismo, denotando-se nestes, uma evidente insciência e despreocupação no que se refere à identidade alentejana, encontramos preponderância no facto de as conduzir de encontro às suas próprias raízes, desvendando-lhes a tradição e herança, promovendo, através deles, a sua sustentação.
Ana do Carmo
Mauro Martins
Ricardo Grade
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